Revisão Bibliográfica: Produção de Significados
Análise do artigo sob a perspectiva da metodologia fenomenológica e da produção intersubjetiva de conhecimento
O artigo Produção de Significados, de Ana Paula Chaves e Viviane Mendonça (1997), apresenta uma proposta metodológica voltada à pesquisa fenomenológica e às formas pelas quais o conhecimento pode emergir das relações intersubjetivas. As autoras sustentam que o conhecimento não se constitui por hipóteses prévias, mas pela experiência vivida e compartilhada no diálogo entre pesquisador e participante.

Sob a ótica fenomenológica, o sentido surge da relação empática, um movimento de escuta e fala recíprocas que permite o aparecimento do “novo” e o reconhecimento da diferença do outro. O outro, portanto, não é objeto de investigação, mas coparticipante no processo de criação de significados. Essa perspectiva retoma a noção do encontro dialógico e reforça a interdependência entre sujeito e mundo, que se transformam mutuamente na experiência vivida.
O método proposto pelas autoras estrutura-se em duas etapas principais: (1) elaboração de relatos de experiências significativas e (2) encontros dialógicos entre pesquisador e participante, subdivididos em momentos de apreensão, atualização e síntese dos significados. O processo privilegia o fluxo experiencial e a constante reconstrução dos sentidos produzidos. Quando há mais de um sujeito, as autoras sugerem uma síntese das sínteses para captar o significado comum entre os participantes.
A proposta metodológica valoriza, assim, o caráter dinâmico da experiência e o potencial transformador da relação empática. O surgimento do “novo” é compreendido como transformação existencial que afeta tanto o indivíduo quanto seu contexto social. Além de contribuir para a ampliação do conhecimento fenomenológico, o método tem aplicação interventiva clínica e pedagógica, favorecendo a formação de psicólogos com escuta empática e orientação existencial.
Por fim, Chaves e Mendonça reconhecem a necessidade de aperfeiçoamento teórico e prático da metodologia, especialmente quanto à análise dos relatos e à compreensão do processo experiencial. Ainda assim, o texto representa uma contribuição relevante para o desenvolvimento de práticas fenomenológicas na psicologia clínica e educacional.
(CHAVES; MENDONÇA, 1997)
